O Inferno de Gabriel (Gabriel's Inferno)
Autora: Sylvain Reynard
Edição Portuguesa: Saída de Emergência
Sinopse
O enigmático e sedutor professor Gabriel Emerson é um reputado especialista na obra de Dante. Mas à noite dedica-se a uma vida de prazer sem limites, não hesitando em usar a sua beleza de cortar a respiração para manipular as mulheres a satisfazerem cada capricho seu. Talvez por isso se sinta torturado pelo passado e consumido pela crença de que está para lá de qualquer salvação. Quando a jovem Julia Mitchell se inscreve como sua aluna de pósgraduação, Gabriel não consegue ficar indiferente. Ela é linda, deliciosamente inocente, um diamante em bruto para ele polir. Sempre que Julia se apercebe do olhar de predador dele, espera sentir receio, mas o que verdadeiramente sente é uma estranha luxúria que a assusta. Desejando desesperadamente possuí-la, Gabriel põe em perigo não só a sua carreira, como ameaça desenterrar segredos de um passado que preferia manter oculto. Uma história inebriante sobre amor proibido, luxúria e redenção, O Inferno de Gabriel retrata a jornada de um homem que procura escapar do seu próprio inferno pessoal enquanto tenta conquistar o impossível: perdão e amor.
Opinião
Já é do meu hábito comentar as capas, porque os olhos também comem. E sim, como diz na capa, As Cinquenta Sobras souberam a pouco, porque aquilo foi tão mau tão mau, que com tanto histerismo, estava à espera de bem mais. E ao contrário do referido, este Inferno soube a tanto! Só tenho pena que manchem a imagem deste livro com capas sugestivamente ordinárias e que nada têm a ver com o tema. É que as do 50 Shades tinham algemas e afins, mas isso relacionava-se com a história, agora adaptarem esse género de imagem a esta colecção e também aos livros da Sylvia Day... Antes já existia romance erótico e não precisam de usar estas capas para se venderem.
Uma pequenina informação para quem ainda a desconhece: este livro só se assemelha às Sombras porque ambos já foram fanfiction do Twilight. Ao contrário do que se passou com o 50SOG, nunca li o primeiro capítulo de The University of Edward Masen, porque já sabia que era uma fanfic enorme. Agora não sei se me arrependo ou não, porque adorei este livro. A minha preocupação inicial era a existência de BDSM, que foi o que me fez passar pela fnac e revirar os olhos quando vi tudo empilhado ao lado daquela trilogia sadomasoquista já referida. Basta-me uma vez, não preciso de mais correntes e chicotes. Não vou mentir, a sinopse parecia-me muito boa, e já sabendo que se tratava de uma fanfiction publicada (já estou habituada que o quão magnifica é a angst que as fãs do Twilight escrevem) é claro que me encontrava num limbo, sem saber para onde havia de cair. Felizmente vi uma revisão que dizia que não existia BDSM, e lá fui eu aliviada do coração.
Quando fiz um update ao estado do Goodreads, perguntei-me como é que alguém consegue saltitar com a trilogia a que ultimamente todos os livros eróticos são comparados, quando esta maravilha estava publicada e disponível ao público. A escrita é infinitamente melhor, sensual (o que é importantíssimo num romance desta natureza, porque facilmente a má escolha de palavras pode tornar a história vulgar e ordinária), muito fluida e rica no seu vocabulário, até dá gosto pronunciar as palavras. É também de salientar a qualidade da narrativa, que não é nada do estilo 'eu vi-te, tu viste-me, vamos para o quarto'. Este livro está repleto de pormenores artísticos lindíssimos e com referências magnificas, nomeadamente ao Dante (pessoalmente, não conhecia muito além do Inferno e da Divina Comédia, que nunca li, mas posso garantir-vos que com este romance, alarguei imenso a minha sabedoria). O ambiente está muito bem construído, e apesar de estar classificado como tal, não considero este romance exclusivamente erótico, e sim um romance... eu digo angst porque não vejo uma classificação portuguesa adequada a este género, mas enfim, o pressuposto é que é um romance cheio de sofrimento que culmina no amor.
Saiu-me melhor que a encomenda, esta história! Pensava que era o cliché da relação professor/aluna, que por si já apelava a minha leitura, mas o facto de lá pelo meio eles estarem entrelaçados num passado atribulado, com segredos negros que foram desvendados ao longo da narrativa, tornou tudo mais misterioso e não me desapontou em nada, tendo em conta as características do estilo. Aliás, é de referir que o autor fez um excelente trabalho no inicio ao deixar migalhas espalhadas cuidadosamente para que seguíssemos um caminho desconhecido mas ao mesmo tempo tão emocionante.
Não há cá deusas interiores nem tolices desse género, só algumas preces aos deuses disto e daquilo, que confesso que a uma dada altura já me irritava, parecia que estava a reviver a Floribella a pedir tudo à fadinha nhónhónhó e à fadinha do não sei quê. A Julianne era um bocado coradinha e chorosa, mas se querem que vos diga, não me fez assim tanta agonia quanto isso, achei que estava muito bem encaixado na personalidade dela. O Gabriel... oh god, nem sei o que é que me apetecia fazer, se lhe dar com uma enciclopédia na cabeça ou por a cabeça dele noutro lado qualquer. Todas as personagens estavam bem desenvolvidas e estruturadas, o que aumenta a qualidade do livro. E também a história, com todos os seus mistérios escandalosos (ok, não são assim tão chocantes, mas fazem jus ao género) é de gritar por mais (salvo-seja).
Escusado será dizer que recomendo O Inferno de Gabriel a toda a gente. Sim, toda a gente (dentro do limite etário obviamente, não punhamos uma menina de 13 anos a ler isto)! O erotismo existe, a tensão sexual também, mas as cenas características da classificação são quase inexistentes (só nos últimos capítulos, creio eu), daí eu me referir ao livro como principalmente ROMANCE e só depois erótico, porque convenhamos, aquele Gabriel é de tirar todas as mulheres do sério!